Sunday, September 30, 2007

O Indivíduo na História: comentários sobre o papel da ação individual no curso dos eventos históricos, a partir de reflexão do antropólogo Marshall Sahlins e ensaio histórico do historiador John Lukacs

O papel do indivíduo no curso dos eventos históricos foi diferentemente valorado ao longo da trajetória da disciplina História; essas variações se devem a diferentes formas de se enxergar a produção de verdades históricas, e podemos encontrá-las tanto em um mesmo momento – diferentes escolas e teorias sociais enxergam diferentemente a questão – quanto em diferentes temporalidades – há momentos de maior ou menor aceitação ou ao menos discussão do quanto um indivíduo pode ser responsável por determinados eventos históricos. Faz parte da história da disciplina considerarmos que o indivíduo teve um papel fundamental naquilo que chamamos de historiografia positivista, aquela que se confunde com o próprio surgimento da História como ciência – ou ao menos como algo que aspira ser ciência. Tínhamos então uma pesquisa histórica focada em indivíduos, notadamente os “grandes homens”: os grandes estadistas, grandes artistas, grandes gênios. A história era conduzida por eles – os grandes estadistas, exercendo poder de mando, teriam condições de orientar totalmente as políticas desse ou daquele país, produzir guerra ou paz, prosperidade ou pobreza; os grandes artistas se destacavam da mediocridade de seus copistas, revolucionavam as formas de se fazer arte, mudando conceitos e produzindo novos padrões de belo e feio; aos grandes gênios caberiam os grandes progressos tecnológicos e científicos, frutos sempre de mentes um tanto excêntricas mas sempre privilegiadas, trabalhando quase que em um universo próprio, só deles, alheios ao estéril turbilhão das ruas. Essa perspectiva foi criticada de diferentes pontos ao longo do século XX, por diferentes visões de uma História determinada por estruturas – destacam-se aqui o marxismo e o próprio estruturalismo. Pretender enxergar poder em indivíduos isolados seria se deixar enganar pela ilusão das superfícies; o indivíduo age, assina, mas só o faz de acordo com estruturas anteriores, que o transcendem e – nesse momento – o determinam. A guerra já estava dada: ocorreria porque determinada burguesia nacional precisaria de uma expansão de mercado inviabilizada pelas políticas protecionistas e colonialistas desse ou daquele vizinho; o governante ou estadista, representante dos interesses daquela classe – da qual ele mesmo provavelmente é oriundo – só daria um caráter oficial à decisão que, mais do que tomada às costas dele, muitas vezes não é sequer decisão de fato: algo maior que aquela própria burguesia nacional – um “curso natural da História” – já teria decidido por todos, líder, burguesia, povo. Esse é um exemplo de tantos: aqui temos determinismo econômico de corte marxista, mas poderia ser um determinismo de tons culturalistas, que visse a mesma guerra como inevitável pela importância do caráter bélico na formação identitária do povo agressor, a partir de uma unificação tardia realizada em diferentes guerras contra vizinhos. De toda forma a guerra seria historicamente inevitável. Tais perspectivas foram gradualmente se modificando de forma a substituir “determinantes” por “condicionantes”, de forma que hoje a perspectiva do determinismo absoluto migrou quase que absolutamente da Academia para os manuais partidários de extremistas ideológicos; dificilmente o acadêmico mais simpático a estruturas quaisquer dirá hoje que tal ou qual evento aconteceria de todo jeito, de forma totalmente independente daqueles indivíduos responsáveis por levá-lo adiante – recuperando o exemplo citado, esse historiador provavelmente relativizaria a “burguesia nacional”, mostrando que o líder teria escolhido uma entre várias saídas possíveis ao privilegiar um grupo que supostamente lucraria com a guerra em detrimento de fração dessa mesma burguesia cujos negócios com o país agredido simplesmente deixariam de existir durante o confronto. Já temos aqui um aumento do poder do indivíduo, que se move sim dentro de estruturas mas tem alguma margem para realizar escolhas dentro delas. Somamos a isso a influência da micro-história – que se baseia sim em estruturas, mas que muitas vezes chama a atenção para as formas como indivíduos ou pequenos grupos agem dentro delas, inclusive indivíduos considerados socialmente “subalternos” por aquele historicismo positivista dos Oitocentos – e o aparentemente inesgotável fôlego mercadológico das biografias – mesmo aquelas densas e feitas por historiadores profissionais – entre um público leitor não-especializado e podemos dizer que temos sim um certo ressurgimento de uma perspectiva que dá importância maior ao indivíduo na história, um ressurgir com roupagem e essência bem diferentes daqueles do século XIX mas em alguma medida dando continuidade a uma reflexão brutalmente interrompida pelo apelo político das “grandes visões de mundo” do século XX, notadamente a marxista. Minha intenção aqui é partir de uma reflexão específica presente em texto[i] do antropólogo Marshall Sahlins sobre o indivíduo na História e compará-la com um trabalho[ii] do historiador John Lukacs baseado exatamente na importância de dois indivíduos na definição de determinado evento histórico.

A reflexão de Sahlins parte de dois diferentes times americanos de beisebol, ambos campeões, para chegar a dois tipos de processos históricos, um no qual a importância do indivíduo é fundamental para que possamos compreendê-lo e outro que só pode ser entendido a partir da análise de um coletivo – o time em questão – e valendo-se de explicação que baseada em dados nos permitirá afirmar a superioridade categórica desse coletivo sobre seus adversários. No primeiro caso o campeonato é conquistado por um time oscilante, em ascensão mas aparentemente menos regular que o seu adversário direto; a campanha desse coletivo é marcada por altos e baixos, em percurso no qual salvo em um único jogo anterior à final ele está sempre atrás do primeiro colocado. No segundo caso o que temos é uma liderança inconteste e “de ponta a ponta” do time que viria a ser o campeão; o gráfico que indica a distância do time para seu adversário mais direto é quase linear, temos praticamente duas retas que só se cruzam – e muito rapidamente – no início do campeonato. Sahlins partirá dessas duas trajetórias para fazer – a partir de texto do historiador J.H.Hexter que faz exatamente essa comparação - o seguinte e interessante raciocínio: se no segundo caso a conquista do campeonato pode ser melhor explicada por uma série de dados referentes à qualidade de um coletivo (arremessos, rebatidas, home runs) no primeiro caso só é possível fazer uma análise histórica que leve em conta aquilo que foi certamente o destaque jornalístico do pós-jogo: o home run de Bobby Thomson que fecha a última e decisiva partida do campeonato de 1951 em prol dos New York Giants. É notar que aqui surge um nome, Bobby Thomson, e só então surge um time; por mais que a crônica esportiva – e isso é só suposição minha – pudesse aqui e ali elogiar as virtudes de um time e o próprio Bobby talvez humildemente lembrasse seus companheiros de conquista não há como ignorar o fato de que aquele home run não apenas será sempre a grande lembrança coletiva das testemunhas – oculares, auditivas ou meros conterrâneos contemporâneos – do evento como também será a melhor forma de narrar a história às gerações futuras. E “narrar” é o melhor verbo, em oposição ao “explicar” que cabe mais devidamente ao primeiro caso. Narrar a conquista quase linear do New York Yankees em 1939 seria algo ocioso e mesmo chato, seria narrativa de uma sucessão de vitórias com um ou outro tropeço em nada ameaçador; já a conquista dos Giants em 1951 não pode em absoluto passar sem a narrativa detalhada de um último jogo “páreo a páreo” até o final e desempatado em um lance único e inesquecível. Enfim: Sahlins parece defender que há basicamente dois tipos de eventos em relação à participação dos indivíduos – aqueles nos quais os indivíduos se perdem em algo definido por coletivos e outro no qual o indivíduo sobressai e é o grande responsável pelo resultado final. Será desse segundo tipo de evento que se ocupará John Lukacs em Junho de 1941[iii].

Lukacs escreve de forma bastante direta e não faz rodeios ao afirmar essa sua perspectiva metodológica já na introdução do livro, cometendo até uma flagrante generalização. A citação é um tanto longa mas merece ser reproduzida na íntegra, pela força e mesmo grau de combatividade intelectual que traz: “Em 1941, exatamente a 22 de junho, tudo dependia de dois homens, Hitler e Stálin. Isso em si refuta a opinião corrente dos cientistas sociais, segundo a qual a história, especialmente na era das massas, seria governada por amplas forças materiais e econômicas, não por indivíduos. A Segunda Guerra Mundial não foi somente marcada, mas decidida por personalidades, pelas preferências e decisões de homens como Hitler, Churchill, Stálin, Roosevelt”. Corrijo-me e aponto não uma mas duas generalizações aí. Uma decorre do radicalismo de Lukacs na defesa de sua metodologia: Hitler e Stalin não foram apenas os principais personagens do 22 de junho de 1941; tudo dependia deles. A segunda – a que primeiro me apareceu – refere-se aos “cientistas sociais”: embora seja inegável que a Sociologia pareça ainda mais agarrada a estruturas e menos permeável à recuperação do indivíduo pela qual passa a História é inegável também que “os cientistas sociais” é expressão que engloba uns tantos milhares de pessoas que ao redor do mundo trabalham com perspectivas teóricas e metodológicas as mais diversas, e certamente umas tantas delas encarariam ao menos com um pouco mais de simpatia a leitura do Lukacs. É preciso entender a afirmação também como retórica, como afirmação política de uma concepção acadêmica; mas também não é possível nos valermos disso para esvaziá-la e desde já desmerecermos a pesquisa do autor – é lembrar que John Lukacs é considerado por muitos não apenas um dos maiores (se não o maior) especialista em Segunda Guerra vivo como até um de nossos grandes historiadores contemporâneos.

Cabe uma explicação sobre o que veio acima. 22 de junho de 1941 é o objeto principal do livro de Lukacs, embora haja comentários sobre momentos anteriores e posteriores a essa data, com longa – para as poucas páginas do livro – análise das relações diplomáticas entre Alemanha e União Soviética anteriores a esse dia. A data não foi escolhida ao acaso, muito pelo contrário: marca o início da invasão da União Soviética pela Alemanha, dois países que até então eram ligados por um pacto de não-agressão; marca o que é para Lukacs – novamente ele é direto, categórico e polêmico aqui – a “verdadeira virada da Segunda Guerra Mundial. Mais importante que Pearl Harbor(...)”. E que tem o historiador a nos dizer sobre esse dia? Exatamente o que já foi exposto acima – ele só aconteceu porque de um lado tínhamos Hitler; e só aconteceu da forma como aconteceu porque do outro lado tínhamos Stálin. Lukacs demonstra que o plano de invasão da União Soviética existia para Hitler pelo menos desde julho de 1940, quase um ano antes e também menos de um ano depois da assinatura do pacto de não-agressão entre os dois países, proposto pelo próprio Hitler; existia aí, mas não exatamente antes disso – já era cogitado em Mein Kampf, mas seria bobagem – aqui Lukacs investe contra uma estrutura ideológica – acreditar que seria o “destino” do nazismo atacar a União Soviética, pelo ódio de Hitler ao “bolchevismo judaico”[iv]. Havia sim a idéia de lebensraum e o leste europeu estaria sim destinado ao povo ariano, mas o realismo político de Hitler seria suficiente – combinado com o messianismo e o Reich de mil anos, presume-se – para que ele não iniciasse uma guerra por simples ideologia. O que tivemos foi uma decisão racional – e absolutamente razoável, sob a lógica do ditador: o ataque à União Soviética privaria a Inglaterra (esse sim o verdadeiro inimigo a ser derrotado o quanto antes, o Império então comandado pelo irredutível Churchill) de uma das suas únicas esperanças no mundo – os Estados Unidos seriam a outra, mas contra eles Hitler por ora nada poderia fazer – e obrigaria aquele país a aceitar uma paz negociada com a Alemanha, paz que garantiria a Polônia e a rica Europa Ocidental (lembrando que em julho de 40 Hitler já havia em diferentes graus e formas conquistado a Tchecoeslováquia, Luxemburgo, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Noruega e, mais importante, França) aos nazistas. Foi esse o sentido do ataque concebido com um ano de antecedência: não derrotar o “perigo vermelho” e salvar a Europa Ocidental e cristã – embora assim tenha sido em parte vendido pelo regime e mesmo comprado por algumas autoridades políticas e religiosas – mas sim privar a Inglaterra de um possível aliado e forçá-la a uma paz que Churchill teimava em recusar. O lebensraum conquistado seria uma conseqüência agradável, mas não motivo suficiente para o ataque.

A intenção de Hitler está posta. Mas até onde ela não é – retomando nossas reflexões teóricas – uma mera expressão de uma lógica inerente ao regime? Até onde não é um ataque necessário a um sistema – aqui é importante lembrarmos de Hannah Arendt[v] - que não poderia se permitir a institucionalização, uma queda na dinâmica agressiva e combativa de seus anos de movimento político e paramilitar? A invasão da URSS seria vendida ideologicamente e mobilizaria os alemães contra um novo inimigo do país, mas antigo inimigo do movimento e da ideologia nazistas. E as questões econômicas? O quanto a economia alemã poderia funcionar como uma economia de guerra? Hitler precisava vencer a guerra que havia provocado o quanto antes, isolar a Inglaterra e evitar uma entrada dos Estados Unidos no confronto. Tudo isso é fato e merece ser levado em conta. Mas é preciso considerarmos também a importância de Hitler na conformação dessas mesmas estruturas que agora o impeliriam à guerra – o quanto o que era em 1940 o nazismo não podemos debitar ao gênio de seu Fuhrer? O quanto a economia alemã não foi orientada por decisão dele mesmo, a partir da concentração crescente de poder nas mãos do ditador? Aqui as controvérsias são várias e evidentemente opiniões outras podem ser apresentadas de forma convincente; mas pelas minhas leituras[vi] considero que seria preferível uma abordagem que corresse o risco de pecar pelo excesso ao superdimensionar o papel de Hitler a outra que subestimasse a importância do personagem.

Mas 22 de junho de 41 não foi apenas o dia de Hitler e da Alemanha; do outro lado da fronteira então estabelecida na extinta Polônia tínhamos Stálin e a União Soviética. A análise que Lukacs faz do georgiano diante da Alemanha é clara e implacável: Stálin não mediu esforços diplomáticos para evitar a invasão[vii], e estava a tal ponto convencido da fecundidade desses esforços que ignorou uma série de sinais – uma série realmente impressionante, narrada em detalhados números por Lukacs – que indicavam um iminente ataque alemão. Stálin imaginava – e com razão – que a Inglaterra tinha interesse em atraí-lo para um confronto com Hitler; considerava a ilha imperial isolada e desesperada por um aliado, consideração novamente correta e razoável, como já vimos partilhada pelo ditador nazista. O problema é que tal visão somou-se à conhecida paranóia do soviético e o fez enxergar todo e qualquer comunicado dando conta de uma invasão alemã como algo em maior ou menor grau informado ou mesmo planejado por britânicos, visando gerar um ataque preventivo da Alemanha pela URSS. Como resultado tivemos um Stalin surpreendido na cama pela agressão nazista, acordado por telefonema, vítima de um mutismo, de uma estupefação momentânea – e de uma crise subseqüente, que o fará isolar-se em sua dacha e mesmo a se questionar sobre se teria condições de liderar o país em momento como aquele. Comunicados de diplomatas os mais diversos, de países os mais diversos; aviões alemães cruzando o tempo todo o espaço aéreo soviético, em claras missões de reconhecimento; aumento no número de sabotadores capturados; intensa concentração de tropas na fronteira polonesa: nada disso foi suficiente para que Stálin acreditasse que seria atacado. Para Lukacs, a facilidade com a qual a invasão aconteceu tem um grande – se não único – responsável: Stálin.

E é aqui que retornamos em definitivo ao ponto inicial desse trabalho. A idéia de Lukacs é clara: 22 de junho de 1941 foi um dia no qual o destino do mundo esteve nas mãos de dois homens. Milhões de outros indivíduos já respiravam guerra; milhões já estavam sob ocupação nazista; os poloneses particularmente já sofriam os horrores da “supremacia ariana”, embora o Holocausto ainda não existisse; soldados espalhavam-se pelo mundo em vários fronts, do norte de África a ilhas no Pacífico. Todas essas pessoas tiveram um papel na guerra; mas foram os grandes líderes que orientaram o curso dos eventos. E naquele momento os líderes responsáveis pela invasão e pela a princípio quase inexistente resistência foram respectivamente Hitler e Stálin. Naquele dia os dois mudaram o curso da História para sempre.

Felipe Svaluto Paúl

Julho/2007



[i] SAHLINS, Marshall. “Cap 2: Cultura e ação na história” IN: História e Cultura – Apologias a Tucídides. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.

[ii] LUKACS, John. Junho de 1941 – Hitler e Stálin. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.

[iii] Aqui seria até o caso de nos perguntarmos se Lukacs considera factível alcançar uma verdade histórica a partir de análises de coletivos ou estruturas quaisquer. Não tive tempo de ler o livro teórico dele – O Fim de uma Era -, que só consegui na véspera de entrega desse trabalho; mas li cinco dos sete livros dele editados no Brasil e neles se vê sempre análises de indivíduos, com ênfase nas relações entre diferentes personagens e em comentários por vezes bastante subjetivos sobre as características de temperamento, intelectuais e mesmo morais dessas pessoas e como elas explicam essa ou aquela decisão.

[iv] Aqui não é o caso de analisarmos o pensamento político de Hitler ou a ideologia nazista, talvez dos temas mais controversos da História contemporânea; só cabe seguirmos Lukacs e apontarmos que o ódio ao “bolchevismo judaico” era tanto realidade quanto propaganda e estratégia – Hitler era de fato anticomunista, embora admirasse Stalin e tenha várias vezes se mostrado mais feroz contra a ideologia como forma de conseguir apoio no Ocidente e manter a política de apaziguamento que tanto o beneficiou.

[v] ARENDT, Hannah. As Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras,

[vi] Destaco KERSHAW, Ian. Hitler: um perfil do poder. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993 e o próprio LUKACS, John. O Hitler da História. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

[vii] Na verdade, Lukacs mostra que Stálin mais de uma vez cogitou – e fez com que essas cogitações chegassem aos alemães – uma divisão do mundo em áreas de influência entre a Alemanha, a Itália, a União Soviética e o Japão – e proposta semelhante também foi feita separadamente à Itália. Lukacs parte disso e chega a concluir que “se Hitler tivesse detido seus exércitos em 1941, Stálin poderia se dispor a se tornar parceiro subalterno do Fuhrer, na verdade, a lhe entregar parte de seu Império(...)”