As "esquerdas" ainda cultivam a ilusão de que é possível uma alternativa à democracia, que sorrateiramente continuam designando como "burguesa" ou "capitalista". Por que isto é uma ilusão? Vamos às lições da história, com seus fartos exemplos ditatoriais.
No sangrento século XX, houve três grandes tentativas de "escapar" do sistema capitalista e das instituições democráticas (que, aliás, só funcionam razoavelmente bem nos países capitalistas): a nazista, a fascista e a comunista.
Nenhuma delas deixou qualquer contribuição em termos institucionais, ou seja, essas pretensas alternativas não produziram nem sequer uma "instituição nova", ou mesmo remendada. Se estendermos a questão ao campo da estética, veremos que não deixaram um só traço novo também nas artes ou na arquitetura. Nada, absolutamente nada.
Além do zero em estética, em termos institucionais apenas destruíram o que funcionava, solapando a democracia e produzindo os horrores que a história jamais esquecerá. Não deixaram dúvida de que ditadura, em qualquer tempo, é simplesmente ditadura, seja à esquerda ou à direita - seu único produto é a supressão absoluta das liberdades e dos direitos, quando não da vida.
Por mais frágeis que sejam, as instituições e as regras da democracia são o que criamos de melhor no labirinto da história em que nos movemos, sem a desvairada pretensão de profetizar uma "saída". Todas as tentativas de "superá-las", sob a ilusão de realizar o paraíso na terra, engendraram apenas o inferno. E, se há alguma diferença entre essas tentativas, é apenas quanto ao número de cadáveres que deixaram para trás.
Em relação à história, nenhum partido ou movimento tem a posse de um saber definitivo ou de uma verdade absoluta. Somente aprendemos (nem todos, é verdade) tentando: errando e, eventualmente, acertando. Mas sem a convicção de sermos os depositários de algum conhecimento superior ou exclusivo sobre a "finalidade" da história, isto é, seu miraculoso "fim último". Tudo isto não passa de uma teologia sem Deus.
Orlando Tambosi - Professor da Universidade Federal de Santa Catarina
No sangrento século XX, houve três grandes tentativas de "escapar" do sistema capitalista e das instituições democráticas (que, aliás, só funcionam razoavelmente bem nos países capitalistas): a nazista, a fascista e a comunista.
Nenhuma delas deixou qualquer contribuição em termos institucionais, ou seja, essas pretensas alternativas não produziram nem sequer uma "instituição nova", ou mesmo remendada. Se estendermos a questão ao campo da estética, veremos que não deixaram um só traço novo também nas artes ou na arquitetura. Nada, absolutamente nada.
Além do zero em estética, em termos institucionais apenas destruíram o que funcionava, solapando a democracia e produzindo os horrores que a história jamais esquecerá. Não deixaram dúvida de que ditadura, em qualquer tempo, é simplesmente ditadura, seja à esquerda ou à direita - seu único produto é a supressão absoluta das liberdades e dos direitos, quando não da vida.
Por mais frágeis que sejam, as instituições e as regras da democracia são o que criamos de melhor no labirinto da história em que nos movemos, sem a desvairada pretensão de profetizar uma "saída". Todas as tentativas de "superá-las", sob a ilusão de realizar o paraíso na terra, engendraram apenas o inferno. E, se há alguma diferença entre essas tentativas, é apenas quanto ao número de cadáveres que deixaram para trás.
Em relação à história, nenhum partido ou movimento tem a posse de um saber definitivo ou de uma verdade absoluta. Somente aprendemos (nem todos, é verdade) tentando: errando e, eventualmente, acertando. Mas sem a convicção de sermos os depositários de algum conhecimento superior ou exclusivo sobre a "finalidade" da história, isto é, seu miraculoso "fim último". Tudo isto não passa de uma teologia sem Deus.
Orlando Tambosi - Professor da Universidade Federal de Santa Catarina
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